Reflexos da pandemia na saúde mental
Surreal, inacreditável, bizarro, inimaginável...
Essas talvez tenham sido as palavras que mais ouvimos em 2020, sobre o pavor que nos abateu com a pandemia do novo coronavírus.
Quando nos deparamos com algo que não faz parte do nosso repertório aprendido, ou seja, situações as quais não fomos expostos anteriormente e que não podemos descrever, podemos simplesmente não perceber ou não saber significá-las, o que nos provoca espanto e medo.
Instintivamente, os mamíferos, nos quais nos incluímos, reagem de duas maneiras a situações potencialmente fatais : luta ou fuga e congelamento. Esses estressores extremos, como tem sido a pandemia, irão necessitar de tempo para que consigamos nos "adaptar". Apesar de, historicamente, nossos antepassados já terem passado por situações semelhantes, vivemos em uma época diferente, com muitos avanços tanto na medicina como na tecnologia, o que nos deixou perplexos frente à fragilidade humana.
Imediatamente nosso psiquismo iniciou a desenvolver uma cascata de sensações e reações buscando alternativas de adaptações. Sensações de angústia profunda, sensação de sentir-se preso (paralisado), medo de perda do controle, e às vezes perda do controle, percepção de que está com a vida ameaçada, bem como desamparo, são sintomas existentes nos transtornos mentais conhecidos como transtorno de ajustamento, reação aguda a estresse e transtorno de estresse pós-traumático e precisam ser avaliados e tratados.
Transtorno de ajustamento: Estados de angústia ou perturbação emocional, usualmente interferindo com o funcionamento e o desempenho sociais e que surgem em um período de adaptação a uma mudança significativa de vida ou em consequência de um evento de vida estressante. O estressor pode envolver somente o indivíduo ou também seu grupo ou comunidade. O início ocorre usualmente dentro de 1 mês da ocorrência do evento estressante ou mudança de vida e a duração dos sintomas usualmente não excede 6 meses, exceto no caso de reação depressiva prolongada (CID 10).
Reação aguda ao estresse: Um transtorno transitório de gravidade significativa, o qual se desenvolve em um individuo sem qualquer outro transtorno mental aparentemente em resposta a excepcional estresse físico e ou mental o qual diminui dentro de horas ou dias, mas que pode perpetuar, caso o estressor perpetue (CID 10).
Transtorno de estresse pós-traumático: este surge como uma resposta tardia e ou protraída a um evento ou situação estressante de uma natureza excepcionalmente ameaçadora ou catastrófica, a qual provavelmente causa angústia invasiva em quase todas as pessoas (CID 10). Fatores predisponentes, tais como traços de personalidade (compulsivos ou astênicos), falta de continência e apoio familiar ou da comunidade, uso de medicações benzodiazepínicas, abuso de drogas, incluindo álcool, podem levar a sequelas crônicas tardias do estresse devastador, levando ao aparecimento de manifestações até décadas após o trauma.
Referências Bibliograficas:
1. Santos, Santana Franklin. Cuidados Paliativos Discutindo a Vida, a Morte e o Morrer Ed Atheneu
2. Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10. Descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. World Health Organization Geneva. Artmed
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